Religiosos
presbíteros: identidade e missão na Igreja do Brasil
“Não fostes vós que me escolhestes, eu vos
escolhi!”
(Jo 15,16)
Queridos
irmãos e irmãs.
Reconhecendo
este amor de predileção que nos escolheu e chamou para a consagração e o serviço
presbiteral, vivemos com intensidade este I Encontro Nacional de Religiosos
Presbíteros promovido pela CRB Nacional em Belo Horizonte. Neste encontro, sentimos
o pulsar do coração da Vida Religiosa Consagrada na multiplicidade de rostos, carismas,
culturas e faixas etárias que mantêm viva a chama da experiência fundamental a
partir da pessoa de Jesus Cristo. Religiosos Presbíteros vindos das diversas Regiões,
realidades sociais e expressões eclesiais ofertam seus tesouros conservados em
vasos de barro. Compartilhamos muitas experiências nesses dias de encontro, de
oração, de diálogo e de formação conjunta. Estavam presentes 92 religiosos
presbíteros de 31 famílias religiosas.
Como
homens consagrados e ordenados reconhecemos nossa vocação como dom a ser
partilhado e a vivermos como expressão da novidade e jovialidade do Evangelho
para ‘que todos tenham vida em abundância’
(cfr. Jo 10,10). Com nossa vocação de religiosos presbíteros queremos nos
aproximar ainda mais da originalidade de nossos carismas e nos propomos em
nossas comunidades gerar processos de serviço à vida e ao Reino segundo as
inspirações de nossos fundadores e fundadoras. Reconhecemos também que nossa
vida consagrada presbiteral nasceu como dom à toda Igreja e não exclusivamente
em função da vida paroquial. Se assim fosse estaríamos traindo nossos carismas,
apagando do horizonte do Reino o precioso serviço que prestamos por meio de
nossa consagração e unção.
Vivemos
uma época de conflitos, medos e inseguranças. Particularmente constatamos que
as mediações estão em profunda crise. Mas em meio a estas crises queremos ser
sal e luz, propondo com persistência caminhos de fortalecimento e
amadurecimento de todo o rebanho, pois onde falta a presença evangélica do
servo/pastor constatamos dispersão e falta de esperança. Na opção preferencial
pelos pobres e marginalizados, superando a globalização da indiferença e do
individualismo excludente, somos motivados a doar nossas vidas pelo Reino e pela
missão.
Nestes dias
refletimos sobre temas pertinentes e que nos enriqueceram muito. Vimos o
protagonismo da Vida Religiosa Consagrada na história da Evangelização do Brasil
e de sua realidade estruturante na Igreja. Refletimos sobre a contribuição da
eclesiologia do Papa Francisco e nos foram apresentadas as luzes e sombras na
realidade presbiteral do Brasil. Por fim fomos convidados a aprofundar a
identidade e missão do religioso presbítero. Aos assessores e assessoras manifestamos
nossa gratidão e reconhecimento.
Levamos
conosco desse Encontro a forte convicção da continuidade da tradição profética.
Confiamos vivamente que outros momentos semelhantes a este possam acontecer
futuramente para fortalecer entre nós vínculos de verdadeira amizade, no
contentamento de juntos trilhar caminhos de renovado entusiasmo, profunda
gratidão pelo dom da vocação, na alegria de viver a missão em meio às
comunidades em que estamos inseridos.
Nossa
identidade de Religiosos Presbíteros está intimamente atrelada a nossa
Consagração Religiosa. Ela nos oferece sentido em tudo que somos e realizamos
na edificação do Reino de Deus, sobretudo por meio do testemunho de vida,
despertando em meio às juventudes um apelo vocacional no seguimento de Jesus
Cristo.
Em sintonia
com a eclesiologia de uma ‘Igreja em saída’ focalizada na Evangelii Gaudium, os Religiosos Presbíteros são convocados a
promoverem a missionariedade na Igreja, por vezes estagnada em estruturas de
manutenção. Mais ainda, a estar em tantos lugares no Brasil em que não há presença
religiosa e presbiteral. Neste sentido, somos interpelados a sairmos de nossa autorreferencialidade
para as periferias existenciais.
Reafirmamos
que nos sentimos unidos a todos os Religiosos Presbíteros de nosso país que
incansavelmente semeiam justiça, fraternidade, amor e, que diariamente no altar
do mundo ofertam ao Pai, por meio de Jesus Cristo, um sagrado sacrifício que é
fruto da terra e do trabalho da mulher e do homem, que se tornam pão da vida e
vinho da salvação. Expressamos nosso reconhecimento e gratidão aos religiosos
presbíteros que nos precederam no serviço do Povo de Deus, como também àqueles
que se encontram enfermos ou fragilizados. Que o bom Deus abençoe a todos.
Somos
chamados a uma renovação da nossa profissão religiosa e a viver uma sadia
integração do ser religioso com o exercício do ministério presbiteral no
seguimento radical de Jesus segundo os nossos carismas. A nossa especial
vocação é uma riqueza para a Igreja e a sociedade. Somos chamados a fecundar o
mundo com a profecia de nosso modo de ser, com o anúncio da Boa Notícia pela
palavra e o testemunho.
Neste
Ano Nacional do Laicato não podemos deixar de reconhecer a preciosa contribuição,
parceria e comunhão de leigos e leigas que, pela graça do Batismo, partilham
conosco a paixão pelo Reino.
Por
fim, aproveitamos a oportunidade para manifestar nossa proximidade, solidariedade
e obediência ao Papa Francisco, que com coragem e profecia se empenhou pessoalmente
para dar um rosto mais próximo, humano/divino à Igreja nestes tempos difíceis
pelos quais estamos atravessando. De seu coração de
pastor acolhemos a jovialidade da mensagem evangélica (EG),
resgatando a alegria do amor (AL) e de toda a criação (LS) por meio
da santidade de vida e do testemunho dos cristãos (GEx).
Como
consagrados e presbíteros agradecemos ao Senhor Deus e à CRB Nacional por este
encontro e clamamos aos céus, pela intercessão de Nossa Senhora Aparecida,
bênçãos fecundas sobre todos nós e sobre nossa missão.
Belo
Horizonte, 10 a 13 de Setembro de 2018.
Verdadeiramente, o encontro foi um novo pentecostes na minha vida e creio, que nada de cada irmão presbítero que teve a honra de participar deste primeiro encontro promovido pela CRB Nacional.
ResponderExcluirFaço votos, que tenhamos mais encontros desse nível para nos auxiliar no discernimento vocacional e fim de que entendermos o sentido de ser padre na vida consagrada religiosa, cada qual com a riqueza do carisma que lhe é próprio
frei Geraldo Bezerra de Sousa OC